O Bilhete

Introdução: 
Palavras do Autor.

Para a maioria dos homens, dor significa ódio, e ódio significa vingança.
Mas a vingança nunca é plena, ela envenena a alma até matá-la, porque é uma espécie de justiça selvagem.

Por um exemplo: A justiça é a vingança do homem enquanto em sociedade, assim como, a vingança é a justiça do homem em estado selvagem, ela procede sempre da fraqueza da alma, que não é capaz de suportar a dor e as injúrias. 
Muitos homens 
Cometem-se a um desejo implacável de vingança, muito mais por fraqueza, muito mais por não ter uma solução imediata para sua dor, do que realmente em consequência de um forte desejo de vingar-se.


Capitulo 1


Sebasthien foi um dos melhores investigadores do 17° distrito de policia criminalista da cidade de Nápoles o centro Policial da Cidade.

Nenhum caso ficava sem solução, tinha uma família linda e muitos amigos os melhores! Pensava ele.

Hoje, é um ser em depressão e vive sozinho nas profundezas de seu apartamento num prédio abandonado.

O que fez uma mudança tão drástica em sua vida aconteceu há três anos, em um caso que a força policial a que ele fazia parte com muita honra! Não conseguiu desvendar.
Um quarto de uma casa...

Lençóis sujos de sangue...

Um corpo de mulher perfurado a facadas...

O corpo duma criança franzina e indefesa decapitado no chão...

A última lembrança dele...

A face bela e perfeita de sua mulher, com um olhar fixo de medo e pavor! Mas...

Um olhar vazio, pois naquele corpo não habitava mais nenhuma alma, ela estava morta...

Uma olhada desesperada para o corpo de Françoise, seu único filho...

Um silêncio mortal dentro de sua cabeça...

Alguns meses depois ele abre a porta, e não encontra nada, somente uma casa vazia. Seu filho, sua mulher desapareceram para sempre.

Dor... Desespero
·... Sua casa foi interditada, ele foi afastado da policia como provável assassino foi preso, desacreditado por seus companheiros, julgado culpado por seus superiores!

Ele Sebasthien Rousseau! O melhor investigador do 17° distrito julgado culpado pelo assassinato com requinte de crueldade que sua família sofreu. Aquele homem amado e aplaudido por todos por seus feitos excepcionais, agora era rejeitado, humilhado, olhado com asco por pessoas a quem ele tinha apreço.

E a polícia?

Por que não o defendeu?

Deveriam ter vestígios gritantes de sua inocência no local do crime.

A principal delas?

A sua honestidade que agora não contava. Não valia de nada! Todo feito aplausível desapareceu numa noite de terror.

Sua vida mergulhou nas sombras, entrou em depressão, se isolou de todos, enquanto esperava o julgamento não conversava com ninguém, vivia sempre com uma foto de sua família na mão. Ele não desistiu! Resolveu então, fugir da dita “Lei” e ir ao encalço dos assassinos de sua família.

Capitulo 2

Sebasthien vaga por noites escuras de Nápoles faz sempre isso, parece que a solidão da noite o ajuda a viver.
Ao passar diante de um ponto de ônibus ouve a conversa do chefe do departamento de polícia o Capitão Solano com o novo investigador, Andrea Giordano.

.- Eu realmente creio que prendemos o assassino da esposa do Angiolli. Diz Solano a Andrea
- E o filho dele?
- Ih rapaz! Ainda não tivemos nenhum sinal dele.


Sebasthien respira forte e tenta disfarçar, desviando o olhar para uma lanchonete em frente, não quer demonstrar a sua decepção com a polícia.
Por se tratar de uma criança ele esperava outra resposta, mas continua ouvindo disfarçadamente.
Depois de alguns segundos de silencio, Andrea resolve perguntar a Solano.

- Qual é o nome do assassino?
- Durval.
- Existem provas, de que este Durval seja realmente o assassino?
- Ele tem muitas informações sobre o casal, informações essas de muito antes do assassinato da esposa do Angiolli.
- Ah Dr. Solano isso qualquer amigo tem! Posso vê-lo?
- Por enquanto não! O detetive Romano está atualmente cuidado do caso. Poderá vê-lo em breve.
- Estarei esperando! Este caso me angule muito.
- Bem Andrea! Tenho de ir, preciso resolver outro caso bastante misterioso.
- Pode me escalar se precisar ajuda. Eu estava cobrindo o plantão de outro detetive no distrito, mas estou livre agora.
- Hum! Seria um boa ajuda!
- Do que se trata?



- Assassinato no hotel Lettera, aquele 5 estrelas na av. Stelle d'argento. Hoje quando voltei do tribunal o subgerente estava como louco no telefone me procurando para um caso e precisava que fosse urgente até lá, queria resolver um problema no quarto 316.

Nem descansei, fui até o Lettera. Subi pelo elevador com um Volant que me esperava na porta, chegando lá encontramos o subgerente sentado na antessala com a cabeça entre as mãos. Fomos rápido até o local e encontramos a porta do quarto 316 entre aberta. O Volant que me levou ficou paralisado com o rosto lívido diante de uma mancha de sangue que se estendia abundantemente vindo do guarda-roupa.
 A porta estava destrancada eu abri de vagar, mas mesmo assim um cadáver desmoronou em cima de mim caindo de costas, num reflexo peguei-o por e baixo dos braços me ensopando de sangue e, antes que passasse o meu espanto, outro corpo que estava apoiado no que caiu desabou também. Larguei o corpo e me afastei num salto para trás, porque, vi que mais um terceiro corpo viria com tudo sobre nós, o que tornou a cena ainda mais intrigante, pois se tratava de uma mulher de seus 29 ou 30 anos.
Ouvi um barulho, olhei para trás com arma em punho era o Volant que havia desmaiado e o subgerente que só havia visto a poça de sangue parecia que ia surtar olhando para os mortos.
Chamei-o rápido antes que desmaiasse ou entrasse em choque e pedi que chamasse um médico e, claro, a equipe policial necessária, à meu comando.
Enquanto esperava a equipe, analisei os corpos sobre o chão do quarto, em busca de alguma pista.
Os dois homens estavam de frente um para o outro dentro do guarda-roupa.
Estavam bem vestidos e eram bastante belos.
Idades bem diferentes entre eles.
Examinei tudo minuciosamente.
Havia uma bolsa de mulher dessas baratas, de certo era da micinha, além de objetos pessoais femininos havia uma boa quantia em dinheiro.
Nada havia sido roubado pelo visto.
 Sobre a mesinha que estava em um canto tinha um bilhete que não tive tempo de ler, pois foi confiscado pela perícia, havia também, um balde de gelo com uma garrafa de champanhe francesa safra 1906. Ainda fechada e duas taças, o que me mostrou sabiamente que apenas dois, dos três mortos deveriam estar ali. Se um dos três fosse abstêmio haveria outra bebida para ele.

A cama estava intacta.
Nada quebrado ou fora do lugar.
Indica que não teve discussão nem atrito algum entre assassino e vítimas.
O Normal e mais provável é que todos foram rendidos e entraram no guarda-roupa sem violência.
A mocinha foi a primeira a entrar, estava de frente para a porta, um dos homens, o mais velho de costas para ela e o que eu encontrei primeiro, no caso o último a entrar estava de frente para este.
Busquei informações com os funcionários sobre os hóspedes.
Me informaram que uma das vítima se chamava  Guilhermo Gratti, o mais jovem, o primeiro a ser encontrado por mim. Um empresário do ramo de confecções masculinas 25 anos, origem italiana, branco, cabelos lisos, muito curtos e espetados, olhos muito claros. Solteiro, Residente em Toronto, hospedava-se no numero 402 do andar de cima,

O segundo hospedava-se no quarto onde se deu o crime, seu nome Malcon Robert Duenne casado 45 anos, pardo, cabelos e olhos castanhos, 1,80m aproximadamente de altura, de origem inglesa residente em Nova Orleans USA. Empresário também de uma multinacional dos cartões de crédito.

A mulher não era hospede, mas foi identificada pelo seu RG como Mirna Cerqueira, brasileira, solteira, residente na rua projetada em Nápoles e trabalhava como stripper numa boate perto da estrada leste do gueto.

- Isso é tudo que sei. – diz Solano


Capitulo 3


De repente Andrea nota que o homem de preto que está ao lado deles cambaleia e encosta-se ao poste do ponto de ônibus.

Andrea vai até ele e pergunta se quer ajuda.
Ele faz entender que está tudo bem escondendo o rosto porque Solano o conhece e apanha o ônibus que vem chegando, sem destino algum, só para sair de perto deles.
Sebasthien pensa em tudo que ouviu, reconstituindo esse crime descrito dentro de sua cabeça. Ele precisa resolvê-lo às margens da lei, por ter consciência de que se foi algum dos chefões do Narcocrime quem o cometeu, irá ficar impune ou simplesmente farão parecer ser um acidente.
Talvez um ménage a tróis que saiu dos planos, já que a moça é uma stripper, ou mesmo culpá-la de alguma forma, ela não tem ninguém por perto..
A Moça de quem eles falavam,  se tratava de Mirna  aquela que ele salvou das pancadas de Enzo o porta-voz da polícia naquele dia no bar. A Stripper que era sua fã.
 Depois desse dia Mirna passou a levar rigorosamente o almoço de Sebasthien mesmo ante os protestos dele. Ela vinha em silêncio, deixava o isopor na soleira da porta sempre com um bilhetinho de coragem para ele, tocava a campainha e saía rápido.
  Ela sabia que O VINGADOR não gostava de conversa, mas aquele homem que fazia justiça da maneira dele. Sempre ajudando a quem precisava, tocava o coração duro pela vida da quase menina, que era desprezada pela própria população que dela fazia uso ao pagar para vê-la dançar. Todo dinheiro que Mirna juntava, tirando seu sustento enviava para casa, e assim ajudava aos irmãos menores que tinham a vida precária só com o ganho de diarista da mãe.

Sebasthien foi para casa, retirou o, sobretudo, jogando-o em qualquer lugar e foi até o quarto, pegou na gaveta do criado mudo o ultimo bilhetinho de Mirna que ele nem tinha lido ainda.
Sentiu um forte puxão no peito ao ler, pensando que se tivesse lido o bilhete antes, talvez pudesse tê-la salvo.


Final

No bilhete Mirna misturava frases de coragem de grandes pensadores como: (Henry Nouwen) - (Ghandi) e (Chesterton) Para chegar ao real do que ela gostaria de dizer ao VINGADOR.

* - Senhor VINGADOR.

“O lugar da luz, o lugar da verdade, o lugar do amor. – é o lugar onde quero estar, embora tenha muito medo de chegar a atingi-lo. É o lugar onde receberei tudo o que desejo, tudo o que sempre esperei tudo aquilo de que vou ter necessidade. Mas é também o lugar onde tenho de largar tudo o que quero reter, por que a primeira qualidade do caminho espiritual é a coragem. O mundo parece ameaçador e perigoso para os "cobardes". Estes procuram a segurança mentirosa de uma vida sem grandes desafios, e armam-se até aos dentes para defender aquilo que julgam possuir. Os "cobardes" acabam construindo as grades da própria prisão.
A coragem significa um forte desejo de viver que toma a forma de disposição para morrer”.

Abraços de Mirna sua Fã.

... Sebasthien se jogou na cama de costas, braços abertos e olhando para o teto prometeu a ela que desvendaria esse crime.

Ou morrerá tentando...

continua

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