A Vendedora de Flores


Introdução: 
Palavra do Autor  
Já que estamos falando em loucura e descontrole, saiba: Terapia não é para os fracos
A maioria das pessoas que procuram a psicoterapia acham que eles são fracos, que estão vulneráveis e precisam de ajuda...Mas é exatamente o contrário. Ousar olhar para si mesmo e suas imperfeições e buscar ajuda,  é realmente é um ato de heroísmo. Reconhecer que algo te machuca que esta 'raiva' nao te pertence! Automaticamente parece que mudamos de posição e ficamos prontos para o diálogo. Quando temos consciência de nossas limitações e fraquezas fica muito mais fácil receber ajuda, porque primeiro, precisamos saber aonde esta o problema. Sabendo que todos nós somos vulneráveis cria um sentimento de compaixão em relação às outras pessoas. Todo mundo precisa de bondade, compaixão e delicadeza.já dizia (George Harrison. Tudo faz parte da experiência humana. Quanto mais cedo conseguimos intender isto, mais fácil vamos superá-lo.) Se você sentir que o chão ja era, procure ajuda profissional, afinal se me pedissem pra a montar um submarino com certeza eu não conseguiria, mas para um engenheiro naval isso ia ser sopa. Pense nisso.


Capítulo 1
 

Numa dessas noites completamente escuras e tenebrosas, pois o frio teimava em permanecer, mesmo já chegando agosto. Um homem vaga pelas ruas da cidade de Nápoles, cabeça baixa, pensamento longe, parece nem sentir o frio cortante, simplesmente anda como se fosse movido a cordas.
Ao passar por um semáforo seu olhar se prende em uma menina de mais ou menos doze anos, com cabelos pretos e longos, de olhos azuis e pele muito branca; andava por entre os automóveis com uma pequena cesta de flores nas mãos, algumas já estavam murchas pelo tempo que estão na cestinha, mas a menina insistia em vendê-las.
Os motoristas nem lhes davam atenção, já estão acostumados com as crianças querendo vender algo para eles, nem abrem o vidro do carro para atendê-las.
O Homem compadecido da perseverança da menina vai até ela e compra todas as flores dando até um pouco à mais do que foi pedido por ela, a menina não se contém de felicidade com um sorriso de um canto ao outro agradece: 

- Obrigada moço! Já posso comer um hot dog. Meu nome é Sabrina e o seu?      

= O meu? É Sebasthien Rousseau.

- Ai Moço como é difícil de dizer . Vou te chamar de Angelo.

= Angelo? Porque Angelo?

- Porque você parece um anjo com esse casaco enorme voando quando você anda que parece até  asas.

= Está bem! Então para você eu vou ser Angelo – diz Sebasthien afagando a cabeça da menina e sentindo uma grande ternura, coisa que à tempos não sentia e vai embora.

Com a mão abaixada como se fosse uma sacola qualquer Sebasthien carrega as flores por alguns quarteirões até chegar ao beco onde conversou bastante com Mirna no dia que a salvou de Enzo, parou junto ao container retirou um botãozinho que se mantinha vivo dentre s flores murchas e colocou no bolso superior do, Sobretudo, deixou as flores na calçada, depois andou pela cidade até quase amanhecer e foi para casa. Jogou-se na cama ainda vestido e adormeceu, dormiu o dia inteiro.
  De repente, as luzes do quarto começaram a piscar como se fosse faltar energia. Sebasthien levantou a cabeça, ainda sonolento teve impressão que tudo ao seu redor estava tremendo como em um abalo sísmico. Vários objetos caindo, mas não havia tremor algum. Ele ouviu uma respiração forte nos pés da cama, olhou nesta direção para certificar-se, e viu que a menina que ele ajudou no semáforo, estava ali de pé, bem na sua frente, e conforme as luzes piscavam, a aparência dela mudava; Sebasthien ficou paralisado olhando aquela incrível mudança até não restar mais nada daquela menina sensível da noite anterior. A aparência dela era o oposto da menina que antes era linda, estava assustadora. Os cabelos desgrenhados, os olhos que antes eram de um azul límpido estavam completamente negros, e no lugar da cestinha, uma tesoura de jardim tão afiada que refletia o brilho dos neons. E vinha caminhando na sua direção; Sebasthien perguntou:

= O que você quer? Como entrou aqui?

- Vim cortar suas asas, eu me enganei você não é um anjo.

Disse ela já bem junto a Sebasthien com a tesoura aberta...
Sebasthien pulou da cama atordoado, carregando as cobertas... Retirando os cabelos do rosto para enxergar direito. Foi um sonho!

= Sainte Marie! Quelle horreur!

 Disse ele enquanto recolhia os lençóis do chão. Foi ao banheiro lavou o rosto voltou e sentou na beirada da cama, pegou no seu, sobretudo, que estava jogado em uma cadeira o botãozinho de flor que ele levou de recordação ficou olhando fixamente e pensando; Parecia hipnotizado.

= Quem dera você pudesse ser minha filhinha Sabrina — Desejou Sebasthien olhando a pequena e frágil florzinha,

= Seria a minha filhinha; a menininha que Marie e eu sempre sonhamos em ter. Você me abraçaria todos os dias e eu não seria esse homem às margens da lei.

Liga a velha TV instintivamente e torna a deitar decúbito dorsal com a mão embaixo da cabeça olhando a florzinha quando ouve no noticiário da noite:

# (Boa Noite! Lívio D’ Santinni do noticiário urgente em edição extraordinária; Um transeunte anônimo acaba de informar a morte trágica de Sabrina Domenico a menor carente que vendia flores no sinal. Ainda não foi desvendado o mistério de sua morte. Apenas que foi encontrada no Beco sem roupas e sem coração, com a cavidade torácica aberta O Noticiário urgente volta a qualquer momento).

Capítulo 2

Sebasthien levanta-se de um salto e desliga a TV, depois permanece estático sem saber o que pensar. Andando dum lado pro ouro com a mão sobra a cabeça.

= Como assim, quem faria isso com uma criança?

Veste seu, sobretudo, e vai ao local indicado pelo Jornal da Noite, precisa ter certeza, pode ter sido um engano. Quando se aproxima, têm muitas pessoas no local do crime a polícia isolou os curiosos do lado de fora da faixa e a pericia está investigando do lado de dentro, Sebasthien dá voltas em torno do local, precisa chegar perto. Andrea que está dirigindo a investigação percebe a silhueta negra de Sebasthien e dá um jeito para que ele chegue perto do corpo. Quando lhe perguntam quem é, Andrea diz ser um médico amigo dele.
Sebasthien chega perto do corpo toca o rosto de Sabrina com ternura. A mão dele desliza suavemente pela pele branca e macia de Sabrina suave como um pêssego maduro que acabaram de colher.
Os olhinhos fechados davam ao rosto cândido da menina uma expressão angelical.
Mas, estava morta, fria!
Seu rostinho tão sereno ficou imprimido na mente de Sebasthien como um ferro em brasa.

- Quem pode ter feito isso com essa criança? Fala Andrea;

Sebasthien responde enquanto investiga todos os indícios.

= A morte foi rápida! O assassino fez um corte profundo, a lâmina usada cortou vários vasos periféricos importantes ela ficou inconsciente e teve morte logo a seguir. Nota também que Sabrina foi drogada e que o corte maior foi feito no limiar da morte.

A fenda enorme em seu peito por onde retiraram seu coração causava pânico em todos que precisavam estar ali ao redor colhendo provas. Era impossível descobrir um motivo para aquela selvageria.
Andrea se aproximou de Sebasthien e disse a ele em surdina.

- Já tivemos outros casos como esses assassinatos de mocinhas assim como Sabrina ou um pouco mais velhas. Mas seguiu o mesmo perfil, bonitas com rosto angelical, sem passagem pela policia e sem acesso as drogas.

E principalmente, sem nenhuma ligação entre elas.
Pelo estado em que encontramos os cadáveres, começamos a procurar por um “Serial Killer”. Porém, existe algo muito diferente. Esses assassinos em série cometem erros e fazem da cena do crime um amontoado de provas. Esse miserável não. Ele é “limpo”. Posso até afirmar que é obsessivo. Tentamos apanhá-lo logo, para não matar mais ninguém. Mas, apesar de todos os nossos esforços, fracassamos.

= Quando foi o ultimo? – Pergunta Sebasthien

- Faz quinze dias, era uma moça de família abastada, bailarina clássica 16 anos, pele branca, olhos azul, bastante franzina como Sabrina, também estava drogada e tinha o peito aberto sem o coração.

Nesse dia Sebasthien não quis sair pela noite foi ao Bar do turco que estava sempre aberto e ficou na mesma mesa até tarde, se embriagando. Saiu de lá, já passavam das quatro horas da manhã, deprimido e bêbado, sem ânimo, sem motivos, sentia-se um estorvo no mundo, todos que se aproximava dele morria. Isso estava arrasando o pobre VINGADOR. Sem rumo entrou em uma igreja para tentar arrumar os pensamentos em um lugar calmo. Sentou no último banco, não tinha bebido tanto assim, mas aquele caso estava acabando com ele.
A Polícia não tinha nenhuma pista; nenhuma testemunha havia denunciado algum suspeito; nada.
Andrea não gostava disso, disse a Sebasthien que logo outra menina seria assassinada e que eles veriam outra vez aquelas cenas revoltantes de exímia crueldade.

Capítulo 3

Estava perdido em seus pensamentos desconexos quando ouviu naquele imenso silêncio um barulho vindo do lado de fora da igreja. Foi investigar, no portão lateral ainda viu quando desapareceu uma figura com uma espécie de roupão, pensou ser o sacerdote que estava cuidando da capela. Ouvia também algo em conjunto repetido como oração. Sebasthien entrou na igreja para usar o silêncio em seus pensamentos, ele não era nem um pouco católico, para ser sincero nem acreditava em Deus depois de tudo que lhe aconteceu. A curiosidade investigativa dele o fez ir até lá mesmo cambaleante, tentou espiar por cima, mas não conseguiu, não via nada, então pulou o portão. Havia uma porta fechada no corredor, os murmúrios agora estavam bem mais altos. Porém, Sebasthien não conseguia entender nada. Pegou no bolso uma chave mestra e abriu a porta, tinha um cômodo escuro e bem ao fundo outra porta que dava para uma escadaria, Sebasthien desceu cuidadosamente até um subterrâneo, a um porão talvez. Nesse momento pensou que o padre pudesse estar fazendo uma baguncinha generalizada com seus coroinhas, preparou-se para uma gostosa gargalhada por pensar isso do Padre, mas parou imediatamente ao abrir a porta. Não era o que ele esperava, não era um cômodo sujo dado de quase todo porão! Era um cômodo amplo, alto, com colunas grossas adornadas que seguravam o teto acima, deveria ser o piso da igreja pela profundidade que ele estava. Sebasthien foi até um cantinho e ligou para o celular pessoal de Andrea contando o que achou. E continuou indo em direção das “orações”. Quanto mais ele entrava no aposento mais as luzes diminuíam, até que chegou a porta que dava para uma sala bem grande, Sebasthien olhou pelas frestas da porta tentando ver o que estava se passado lá dentro àqueles múrmuros eram irritantes. Usou novamente a chave mestra e abriu uma fresta para espiar, tinham vários homens se empurrando tentando olhar o que havia no centro da sala.

= Cacete! Tem uma puta orgia, aqui embaixo da igreja.

– pensa ele e continua olhando, de repente os homens saem da frente para dar passagem a uma figura de manto, Sebasthien pode ver que lá no centro da sala havia várias mulheres nuas, se esfregando entre si e a oração que ele ouviu eram os homens dizendo um cântico estranho e constante que faziam as mulheres se contorcerem numa espécie de gozo coletivo. O cara que desceu de manto derramou sobre os corpos nus e suados das mulheres um liquido viscoso, isso fez com que as mulheres se contorcessem mais, gemendo alto e os homens que estavam mais acima deliravam.
Com certeza esse homem do manto estava usando sobre elas algum narcótico. Dito e feito!
Os corpos nus de todas elas começaram a tremer e se retesaram num ápice orgástico com gritos de prazer.
Em seguida ficaram imóveis sobre a mesa de pedra, como se tivessem caído num sono profundo dopado.
Nesse momento todos os homens se juntaram, o cara do manto pegou uma faca e desferiu um golpe certeiro no pescoço de uma das mulheres, a mais jovenzinha delas. Sebasthien ia investir contra eles quando se assustou com o que veio depois. Os homens aparavam nas mãos o sangue que jorrava com força e banhavam-se nele.
Sebasthien que usa atos de crueldade com facínoras, quase desmaia ao ver tamanha maldade. Os caras sujos do sangue da jovenzinha se dirigiram para o cara de manto que segurava a faca, com certeza era o líder. Ele com destreza de um cirurgião enfiou aquela faca enorme no peito da jovem e levou até a altura do umbigo. Depois com a mesma destreza usou um fórceps, abriu a cavidade do peito e arrancou o coração dela colocando-o sobre a mesa, todos os homens vieram até ele e acariciaram o coração. Sebasthien não conseguia reagir vendo aquilo, o cheiro de sangue invadia o recinto fazendo-o ter náuseas. Ele precisava reagir ou fariam isso com mais algumas ou com todas s moças que estavam ali, quando ele pega coragem para entrar mesmo tonto e enjoado com aquele fedor insuportável, o cara do manto morde o coração e o devora em minutos. Ele mete a mão na porta vai entrar e acabar com o desgraçado. Andrea chega nesse momento e o segura dizendo a ele.

- Você não vai ter chance! Vamos pensar!

Quando Andrea olha dentro do recinto fica perplexo. Exclama incrédulo!

- Que tribo dos infernos é essa cara? E como eles invadiram a igreja? Será que o Padre está bem? Ou já está morto?

As perguntas, o fedor de sangue e a adrenalina, já tinham trazido Sebasthien de volta da bebedeira. Ele nem queria encontrar respostas precisava agir rápido, sem estratégias e sem plano B. Foi quando o homem com a faca num movimento rápido, descobriu sua cabeça, retirando o manto e ficando também nu.
Sebasthien reconhece o miserável! É Samir o carrasco de Charles Durning. Ele vai sacrificar mais uma vítima. O filha da puta é louco! Só podia ser para servir de carrasco a Durning!
Sebasthien diz a Andrea:

= Rende os canalhas que eu ou pegar o miserável do Samir - e avança na sala.

Desta vez não vai se esgueirando, não teria tempo entra com um salto triplo passando assim por alguns dos homens e sendo pego por outros com suas mãos ensanguentadas que agarram e socam Sebasthien, mas ele não se importa com as pancadas. Com socos e rodopios vai se desvencilhando deles até chegar perto da mesa.  Samir põe a faca no pescoço de uma moça e diz:

- Não se aproxime cara! Ou vou matá-la!

Sebasthien para! Samir ordena aos homens:

- Segura esse imbecil que eu vou sangrá-lo e arrancar o coração dele.

Eles seguram Sebasthien que se debate tentando se livrar daquelas caras drogados e sujos de sangue, mas é imobilizado. Só lhe resta esperar a chegada daquele homem nu e com cara de louco que se aproxima dele com a faca em punho.
Sebasthien está preso numa gravata e com os braços para trás imobilizado, Samir chega junto dele com olhar de louco, lambe o sangue da faca, depois corta a camisa dele de fora a fora. E lhe diz;

- Seu coração eu não quero comer! Vou arrancar e servir aos cães.

E enfia a ponta da faca uns centímetros acima do umbigo de Sebasthien cravando toda a ponta e olhando nos olhos dele, Sebasthien não solta um gemido sequer. Samir vai puxar a faca cortando a carne até a altura do queixo, nesse momento Sebasthien chuta os colhões dele com toda força. Samir solta a faca e cai abaixando sobre o baixo ventre.

Final

Os homens vacilaram ante a rapidez dele.
Andrea entra atirando nas pernas dos caras que tentam fugir se dissipando cada um pra um lado, mas os homens de Andrea estão invadindo o local. Nessa confusão toda Andrea perdeu contato visual com Sebasthien, quando o vê novamente ele está sentado em cima de Samir que tem a caixa torácica toda destruída e o coração dele está na mão do VINGADOR.
Sebasthien tem o olhar perdido, está sangrando muito, enquanto os policiais estão indo atrás dos homens Andrea o leva até a saída e diz para ele fugir rápido antes que deem falta dele. Sebasthien sai rápido.
Está amanhecendo ele não tem como se esconder nas sombras, caminha até o beco entra atrás de um contêiner e senta bem encostado na parede, precisa recobrar as força para chegar até em casa. Retira a camisa e rasga para amarrar no ferimento... Mas desmaia...

Luz forte...
Um aroma gostoso... Conhecido...
Sebasthien abre os olhos...
... Um anjo de cabelos encaracolados... Vermelhos... 
...Olha para ele...

= Finalmente... Eu, eu morri...

...Escuridão... Silêncio...

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